Opinião


As avaliações nacionais e a Olimpíada de Química

Prof. Alvaro Chrispino*

          Durante muito tempo, as Olimpíadas Norte/Nordeste de Química e, depois, as Olimpíadas Brasileiras de Química foram os únicos testes que atingiam todo o território brasileiro, permitindo uma análise da situação do ensino de química.

          Com certeza, estes testes eram, e ainda são, dirigidos para um fim determinado: a busca da excelência e a identificação daqueles que melhor dominem a química. Dentre estes estarão aqueles que terão a alegria e difícil tarefa de representar as cores do Brasil na Olimpíada Iberoamericana de Química e na Olimpíada Internacional de Química.

          Por conta destes testes nacionais, tivemos oportunidade de primeiro conhecer a real situação do conhecimento químico de nossos alunos. Para conseguir maior participação, a organização das olimpíadas vem sensibilizando alunos, professores e escolas, o que tem representado um aumento no número de efetivos de participantes.

         O número de alunos-candidatos aumentou, assim como o número de estado envolvidos se dilatou, alcançando a quase totalidade do território brasileiro. A cada ano, os organizadores passam a melhor conhecer o estado geral do ensino de química brasileiro.

        Ocorre que, nos últimos anos, o Brasil vem sendo sacudido por uma série de avaliações do ensino que, aos poucos, vai tomando espaço na mídia e se firmando como instrumento de análise.

        Em 1997, acontece a ACEM-Avaliação de Concluintes do Ensino Médio envolvendo 9 estados brasileiros (Bahia, Goiás, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Sergipe, São Paulo). Dentre as disciplinas estava a química. As provas foram aplicadas em mais de 50.000 alunos e a média esteve em 8,21 para 30 questões.

        Em 1998, como conseqüência direta da ACEM, surge, de forma irreversível, o ENEM-Exame Nacional de Ensino Médio com o objetivo de avaliar as competências dos estudantes e de criar um novo caminho para o ensino superior. Inscrevem-se alunos de todas as partes do Brasil.

        Em 1999, foi publicado o resultado do SAEB-Sistema de Avaliação da Educação Básica que, em 1997, aplicou testes de química pela primeira vez. Das numerosas e complexas informações existentes no Relatório SAEB-97, podemos extrair dados interessantes: os estados onde existem maiores variações de conhecimento, isto é, estados onde encontramos grupos que se distinguem da média local e nacional são Bahia, Espírito Santo, Ceará e Piauí.

        Estes resultados reafirmam aquilo que as olimpíadas já vêem demonstrando nos seus resultados: Ceará e Piauí são os estados que mais participam com estudantes para as delegações brasileiras em olimpíadas internacionais.

        Para nós, que lutamos para manter as olimpíadas brasileiras e nos desdobramos para conseguir apoio para a participação brasileira no exterior não existe nenhuma surpresa. Estes resultados já eram de nosso conhecimento.

        Esperamos que, com todos estes testes nacionais, possamos aumentar o número de participantes das olimpíadas a ponto de alcançarmos países como México, Venezuela e Argentina que atingem dezenas de milhares de estudantes a cada olimpíada anual. Assim, quem sabe, poderemos obter recursos permanentes para que possamos continuar a incentivar a química em nosso país... despertando vocações... chamando atenção para esta ciência que nos ensina a ver o mundo de forma muito especial!


* Vice-Presidente e Diretor de Educação da ABQ

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