Opinião


A Química Ambiental no Ensino Médio

 

Prof. Dr. José Roberto de Oliveira Torres*

 

            Muito se tem discutido a respeito de como o tema química ambiental possa ser apresentado nos currículos de química em seus diversos níveis, entretanto, acreditamos que muitas considerações ainda possam ser apresentadas a se atingir a exaustão.

            As razões aqui apresentadas estão diretamente relacionadas à forma como o assunto se apresenta em diferentes livros textos de química destinados ao ensino de nível médio, onde muito se enfatiza a questão nociva dos produtos químicos e os problemas por estes causados, remetendo a química apenas para o seu lado poluidor e descartando-se na maioria dos casos a contribuição que a mesma tem dado à produção de inúmeros insumos e produtos de consumo imprescindíveis à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos nas mais diferentes áreas.

            Sem dúvida, assuntos como chuva ácida, efeito estufa e destruição da camada de ozone têm sido discutidos com muita ênfase, mas, confinados em alguns textos em capítulos bastante resumidos e com o enfoque que citamos anteriormente. Quem sabe, a melhor estratégia seria o levantamento das questões juntamente com o estudo das propriedades estruturais dos compostos relacionados, onde estriam envolvidos outros dados importantes como o estudo das ligações químicas.

            Dessa forma, acreditamos que os conteúdos de química ambiental possam ser melhor discutidos juntamente com o estudo das diferentes áreas como a química inorgânica, onde os compostos químicos são agrupados em funções; a físico-química, onde o assunto soluções tem lugar preponderante e, daria uma grande oportunidade para um melhor questionamento do meio aquoso e a química orgânica, onde temas como polímeros e outras substâncias de importância na produção de defensivos agrícolas, entre outras, poderiam ser discutidos com maior clareza.

            Um outro assunto que sempre nos despertou atenção foi o estudo do núcleo atômico e da energia por ele gerada. Até parece que o núcleo não faz parte daquele átomo, do qual os elétrons nos parecem tão íntimos. O assunto é muitas vezes relegado a segundo plano em alguns livros textos de química que nos são familiares, sendo apresentado como o último capítulo dos mesmos. Entretanto, acidentes como os de Chernobil e de Goiânia ganharam mais notoriedade que a própria ciência nuclear hoje presente em nossa sociedade nas mais diferentes áreas, seja na medicina, na agricultura ou na geração de energia.

            Concluindo, a nossa opinião é que haja uma discussão ampla das implicações ambientais da química ao longo das diferentes séries do ensino médio, que nela sejam incluídos temas como recursos minerais, suas ocorrências e explorações e que a química ambiental não seja apenas sinônimo de poluição química.


* Prof. Adjunto do Departamento de Química - UFPI

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