Ciência: a ferramenta
para o milagre moderno
Prof. Marcondes Rosa de Sousa
Olimpíadas no campo do ensino! A idéia assusta ainda, ferindo consciências igualitaristas. Tudo como se a elevação dos mais capazes ao pódio importasse no abandono dos muitos à vala comum. E como se, por essa via, tivéssemos de, necessariamente, desaguar no individualismo e no espírito de competição entre os homens.
Puro equívoco! E justamente o contrário! Na verdade, vivemos agora tempos bem diferentes. Tempos em que a vida (particularmente a econômica) já não mais se sustenta apenas por sobre o clássico tripé "natureza, capital e trabalho". Um fator novo descobrimos, agora, como basilar e importante: o saber. Um saber (diga-se) não restrito à sua convencional dimensão cognitiva. Um saber que, além do Q.I., há de contemplar um Q.E. (em sua acepção de quociente emotivo e também ético).
Nesse contexto, a ciência hoje passa a ser vista como uma indispensável ferramenta na produção do milagre moderno da "multiplicação dos pães", ante um mundo de fome, e do apartar das águas, na "travessia do Mar Vermelho, rumo à Terra Prometida", onde esperamos, todos, que corram, no mínimo, dignidade e justiça social.
Tarefa assim (sabemos) não será possível sem que preparemos, pela educação, pessoas dotadas de inteligência, solidariedade e senso ético. E, sem dúvida, é nessa direção que estão trabalhando iniciativas como as Olimpíadas, que ora se desenvolvem, no campo da educação.
De mim, tenho-lhes acompanhado a evolução. Inicialmente, como Pró-Reitor de Extensão da UFC e, agora, na Presidência do Conselho de Educação do Ceará. E é, com alegria, que as vejo, de lá para cá, expandir-se. A ponto de a de Química, por exemplo, ter-se ampliado para as Regiões Norte e Nordeste (já em sua segunda edição), alçando-se agora ao patamar nacional (em sua versão primeira).
Meu depoimento é positivo. Não vi, nas escolas, os sentimentos do individualismo e da negativa disputa ou de discriminação entre os alunos, temidos como resultantes das Olimpíadas. O que tenho presenciado (muito ao contrário) é que elas têm resgatado, da escola, a alma perdida e o já débil poder de sedução sobre os alunos. E, entre esses, a paixão pelo estudo e o sentimento de agregação. Tudo isso, trazendo à baila novos paradigmas comportamentais, no campo da educação.
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Marcondes Rosa de Sousa é professor da UFC e da UECe, ora exercendo o cargo de Presidente do Conselho de Educação do Ceará
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