Entre um réquiem e uma injeção de ânimo.

 

                Ao aceitar, mais uma vez, a incumbência de redigir a página de avaliação do trabalho realizado durante o ano de 1997, ensaiamos compor um réquiem para uma despedida honrosa deste cenário. Por estar à frente de uma equipe que tem a responsabilidade de manter ativo o projeto Olimpíadas de Química, curvei-me ante o peso desta decisão. Falou mais alto o compromisso assumido com milhares de jovens, entusiastas, esperanças vivas que cultivam uma paixão exacerbada por essa ciência, e estão a cobrar uma vida perene do evento, o qual experimentou, neste ano, significativo crescimento. Se em 1996 já havíamos percebido este fato, em 1997 ficou bem mais evidente, aproximadamente 6.000 estudantes dele participaram. Espraiando-se rapidamente pelas vastas áreas do território nacional (atualmente, apenas dois Estados Brasileiros: Mato Grosso do Sul e Goiás e o Distrito Federal não integram este circuito cultural - um crescimento assustador para sua tenra idade) não teve, em sintonia, uma contrapartida de apoio, tornando-se impraticável manter, para este contingente de estudantes, os padrões de avaliação e estímulos até então praticados.

              No reverso, vimos os objetivos, traçados para 1997, pelo Conselho de Coordenadores, serem largamente ultrapassados. Planeou-se, na reunião de avaliação e planejamento, no final de 1996, uma intensa divulgação do Projeto. Tal ação se cumpriu com a impressão de milhares de publicações custeadas pela Petrobrás/Asfor (Classificação Periódica dos Elementos Químicos – uma nova recomendação) que hoje divulgam, Brasil afora, os ícones do evento em escolas e centros de estudos. Bem sucedidas foram as investidas nas competições internacionais. Brilhante participação na III Olimpíada Ibero-americana de Química, realizada em outubro passado na cidade do Rio de Janeiro, e sua estréia, na obrigatória condição de observador, na Olimpíada Internacional de Química realizada, em julho passado, no Canadá. Novas coordenadorias instaladas e, mais uma vez, vencida a batalha pela publicação deste livro.

               Que a publicação destes Anais venha a se constituir em elemento catalisador do processo de identificação de jovens potencialmente aptos a evoluir nesta ciência, criar estímulos e auxiliar professores da química neste mister. Ela oportuniza, ainda, registrar o profundo reconhecimento às desprendidas colaborações dos colegas que conosco transpuseram os obstáculos e não abrandaram a vontade de realizar, os abnegados companheiros: Aírton, Eliéser, Guilherme, Paulo Auber e Rui Kleber, bem ainda, ao dileto amigo, Geraldo Jesuíno, Professor do Curso de Comunicação Social da U.F.C., diretor da Imprensa Universitária, designer gráfico da melhor estirpe, todos empenhados na sobrevivência do evento. Ressaltamos o imprescindível apoio recebido da Petrobrás, da Editora Saraiva, aqui representada pela Tropical Editora, bem ainda, àqueles que conosco almejam a manutenção do Projeto, os educandários: Christus, Farias Brito e 7 de setembro, de Fortaleza; Dom Barreto, de Teresina e Marcos Paulino, de Recife e ao Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Ceará. Ao Prof. João Lucas Barbosa, presidente da FUNCAP, entusiasta e incentivador dessas atividades, que através dessa entidade tem tornado possível avançar este ideal. Às Universidades Estadual do Ceará e Federal do Ceará, através de suas pró-reitorias patrocinam os eventos; à VARIG e ao NECIM fiéis parceiros nesta peleja.

               Não somos feitos do aço que corre nas siderúrgicas despatriadas, nem fluidos criogênicos arrefecem nossos nervos, mas do sopro Divino que nos fizeram cidadãos comuns, tolerantes, nem tanto. Destilar os percalços, um a um, não nos desanimaram, a tarefa de instruir-lhes não deve ser lançada na mufla calcinadora dos sonhos. Amalgamadas as lamúrias uma nova injeção de ânimo corre em nossa veias.

Fortaleza, novembro1997                                                                                                                            Sérgio Melo

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