Emergindo Talentos

 

Na disputadíssima economia globalizada a criatividade e a inovação são os fatores primordiais para estabelecer uma larga distância entre o novo e o velho. Porém, não se cria nem se inova sem conhecimento, bem intangível cuja construção é iniciada na mais tenra idade. Inicia-se na família, tem c ontinuidade na escola e se aprimora nas interações com a sociedade, uma conjugação perfeita para emergir talentos. O envolvimento familiar e o permanente estímulo são fundamentais para aflorar e potencializar o desenvolvimento do talento, a escola por si só não é suficiente para germiná-lo. Nessas mentes o conhecimento se cristaliza com mais perfeição, o ambiente educacional cuida de lapidá-lo, preparando-o para a cidadania. Identificar talentos e provocar estímulos é nosso propósito. O objetivo principal do Programa Nacional Olimpíadas de Química é, portanto, despertar a vocação e estimular os mais talentososa aprofundar seus estudos com o objetivo de construir um futuro profissional na química. Dentre as estratégias que utiliza, oportuniza os estudantes do ensino médio fazerem seus primeiros contatos com a experimentação química, daí surgindo vocações. Contribui sobremaneira para o fortalecimento da indústria química nacional e a formação de quadros acadêmicos de qualidade.

Nossa crença

O Programa Nacional Olimpíadas de Química foi desenhado de modo a se constituir em programa apto a promover a aproximação entre as escolas, a academia e a indústria; pautado na excelência das ações voltadas para a valorização da química e capazes de influenciar a política pública e na formação dos jovens vocacionados para essa ciência. Ocupa-se no desenvolvimento de metodologias e práticas inovadoras apropriadas para potencializar  suas habilidades, competências e capacidade criativa e, ainda, estimular e facilitar o acesso aos principais centros acadêmicos de química onde serão capacitados para a atividade profissional e para o exercício pleno da cidadania. Buscar a excelência ao manter as competições educacionais nacionais e promover o acesso às olimpíadas internacionais. As olimpíadas de química oportunizam os estudantes do ensino médio fazerem seus primeiros contatos com a experimentação química, daí surgindo vocações. O objetivo principal do programa é, portanto, despertar a vocação e estimular os jovens mais talentosos a aprofundar seus estudos com o objetivo de construir um futuro profissional na química. Empolgação, este é o espírito que domina tanto os estudantes quanto os professores e organizadores tocados pelos desafios lançados e pelo reconhecimento e valorização entre os pares.

Uma Década de conquistas do Projeto

Contabilizamos as vitórias alcançadas pelo Programa Nacional Olimpíadas de Química não pelo número de medalhas conquistadas pelos estudantes, mas pelo impacto imediato que o programa causou nas vidas de seus ex-participantes; pelo crescimento da quantidade de estudantes que participaram do projeto e continuaram seus estudos nos cursos universitários de química; pelo veloz crescimento quantitativo - ampliou-se até 5200 o número de escolas participantes; pelo avanço territorial com profunda interiorização em alguns estados. O objetivo é formar quadros de qualidade para a academia e a indústria química nacional, um setor em franco crescimento e forte presença no mercado internacional, com um importante peso na economia nacional. Em 2004, o Programa Nacional Olimpíadas de Química através das olimpíadas Brasileira de Química e Norte/Nordeste de Química alcançou 54.000 estudantes do ensino médio em 24 estados brasileiros. Ainda organizou a I Olimpíada de Ciências de Fortaleza, uma olimpíada voltada para estudantes do ensino fundamental das escolas públicas deste município, cujo tema central foi ÁGUA. O empenho do Secretário de Educação no sucesso da olimpíada proporcionou a participação de 72.000 estudantes de sua rede de ensino, a terceira maior do País. A idéia é sensibilizar outras prefeituras a realizar semelhante ação e despertar mais cedo os talentos para a ciência. No momento em que celebramos dez anos de atividades ininterruptas, o projeto se apresenta mais denso e com raízes mais profundas e, por isso, as responsabilidades de conduzí-lo tornam-se bem maiores. Motivos, há de sobra para comemorar a ocasião. Nas incursões internacionais, as seguidas vitórias conquistadas por nossos estudantes frente a jovens de outras nacionalidades, projetam a imagem do País a patamares mais confortáveis que aqueles que nos foram impostos no desastrado resultado do PISA. Cabe ressaltar que enquanto os estudantes de química que formaram a equipe brasileira eram em sua totalidade oriundos da escola privada, os que enfrentaram os testes do PISA, majoritariamente, representavam nossa escola pública. Confirmou-se a abissal diferença entre as duas escolas.

Tempo de lamentar

Salvo raríssimas exceções, a escola pública não tem mostrado sua cara neste projeto. Os estudantes oriundos de escolas públicas que conseguem ultrapassar a etapa estadual têm dificuldade de se posicionar bem na etapa seguinte. Demonstra que seu desempenho qualitativo está bem aquém daqueles provenientes das escolas particulares. Isto não se constitui nenhuma novidade, faz muito tempo, além de seis décadas, que a escola pública vem degradando sua imagem num processo de corrosão incontrolável, patinando nas políticas compensatórias, bem ao agrado dos políticos de plantão. Com isso não queremos dizer que o ensino privado vai bem, ao contrário, a crise que se arrasta nas universidades provém, em parte, da qualidade dos estudantes que ela absorve, e das baixas qualificações acadêmicas da força de trabalho que produz. Crise que se aprofundará pela falta de quadros capacitados. Ver o nosso país ocupar o nosso o vergonhoso 72º lugar na classificação de Desenvolvimento da Educação, estabelecido pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, nos faz questionar a eficácia de nossas ações educacionais.

Tempo de sonhar

Apostar no jovem e prepará-lo para enfrentar os desafios que o futuro lhe reserva, é nosso compromisso, vê-lo concretizado, nosso sonho. Ainda é cedo para rastrear a destinação dos ex-participantes destas olimpíadas. O primeiro passo, talvez o mais largo, foi executado - o número de ex-participantes que integram o corpo discente das principais e mais concorridas instituições de ensino superior do Brasil é substancialmente grande. Com o abnegado trabalho dos coordenadores-estaduais, a militância anônima dos professores do ensino médio e o decisivo apoio financeiro do CNPq garantiremos um futuro promissor para este Programa e para a química brasileira.

Tempo de agradecer

Ao comemorar dez anos de atividades ininterruptas, registramos agradecimentos aos que somaram contributos a esse Programa: Os professores do Curso de Mestrado em Química da UFPI que pioneiramente assumiram e por dois anos consecutivos ministraram o Curso de Aprofundamento e Excelência em Química; os colegas do Programa de Pós-graduação em Química da UFC que, neste ano, com muita dedicação deram continuidade a esse projeto. A decisiva contribuição do Núcleo de Ciências e Matemática da UFC, embrião deste Programa; o continuado apoio da Imprensa Universitária, da FUNCAP e das Pró-reitorias de Extensão da UFC, da UECE e da UFPI. O colega Dr. Everardo Matos, da UNIFOR, responsável pelos primeiros trabalhos de filmagem em VHS das experiências formadoras dos exames de conhecimentos de laboratório, continuadas em Recife pelo Dr. Antônio Carlos Pavão, da UFPE, e a equipe do Espaço Ciência. O Dr. Arimatéia Lopes, incentivador maior da olimpíada piauiense, que neste ano completa, também, dez anos de existência, com muita garra vem dissipando energia no sentido de elevar a qualidade do Programa Nacional Olimpíadas de Química, a sua equipe de elaboradores e corretores dos exames; os coordenadores-estaduais, sustentáculos de todas as atividades que realizamos e principais responsáveis pelo crescimento alcançado pelo Programa. A ABQ - Associação Brasileira de Química que tem proporcionado ambiente propício e campo fértil para o crescimento do Programa, bem ainda, a ABEQ - Associação Brasileira de Engenharia Química por suas manifestações de apoio e incentivo ao sucesso dessa empreitada. A ABICLOR, PETROBRAS e ABIQUIM que acreditaram na viabilidade desse Projeto e na sua importância para a melhora do ensino e fortalecimento da química brasileira, sem desconhecer os apoios que as indústrias NEXEN, PQU, Ipiranga Química, REFAP, Copesul, Oxiteno e Bunge; as editoras Saraiva, Moderna e Ática, a Mackenzie e os CRQ’s e CFQ oferecem a algumas coordenadorias-estaduais. O CNPq que, desde 2002, apoia financeiramente as olimpíadas científicas, uma contribuição decisiva para o fortalecimento dessa área, e, a CAPES que, complementarmente, proporcionou a participação brasileira nas olimpíadas internacionais de química. A Lucia, minha mulher, e nossos filhos, Fábio, Eveline e Caroline, continuadamente envolvidos, partilharam os momentos de euforia e os de dificuldades, estes mais freqüentes, e assumiram todas as tarefas que sustentaram o evento nos seus primórdios.

Sérgio Melo

 

Tudo tem o seu tempo determinado. Há tempo para todo propósito sob o sol: há tempo para nascer e tempo para morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou. Tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de edificar. Tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de saltar de alegria. Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras, tempo de abraçar e tempo de afastar-se, tempo de buscar e tempo de perder, tempo de guardar e tempo de deitar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar-se e tempo de falar, tempo de amar e tempo de aborrecer, tempo de guerra e tempo de paz.

Eclesiastes 3.